Os efeitos da decisão do Reino Unido em sair da União Europeia continuam a fazer-se sentir no sector automóvel e o Grupo PSA (Citroën, Peugeot e DS) foi a primeira empresa a anunciar uma subida de preços para compensar as perdas causadas pela desvalorização da libra esterlina.

De acordo com a "Automotive News Europe", os preços dos automóveis do Grupo PSA estão dois por cento mais elevados do que estavam antes do dia 1 de Agosto, dia em que os novos preços sofreram esta "revisão".

Desde que o Brexit se tornou uma realidade, em Junho deste ano, a libra esterlina já perdeu cerca de 10% do seu valor face ao euro. Esta desvalorização afecta directamente o Grupo PSA porque ao contrário de outros fabricantes, o grupo francês não tem unidade de produção dentro do Reino Unido, pelo que todos os veículos são importados. "Nós temos que antecipar as flutuações da moeda", afirmou um porta-voz do grupo.

Peugeot, Citroën e DS foram responsáveis por 7,24% das vendas de automóveis no Reino Unido nos primeiros sete meses do ano, pelo que esta decisão terá um impacto imediato. E tudo indica que este seja só o primeiro sinal, é que todos os especialistas afirmam que brevemente mais marcas vão anunciar subidas de preço. Carlos Ghosn, CEO da Aliança Renault-Nissan, declarou recentemente que "não tem dúvidas" que os preços terão que aumentar.

A confirmar-se, os analistas prevêem que a "queda" do mercado dos automóveis no Reino Unido (o segundo maior da Europa atrás da Alemanha) seja substancial. Em 2016 podem vender-se menos 120 mil unidades e nos próximos dois anos esse número pode subir para os 900 mil veículos.

Os fabricantes automóveis já tinham alertado para o facto do Brexit afectar directamente as suas operações na Europa. A Ford, por exemplo, registou perdas de 69 milhões de euros no segundo quarto do ano e tudo se deve ao… Brexit! E isto é só o início. Estima-se que marca da oval azul enfrente perdas no valor de 580 milhões de euros em 2017.

A "Reuters" também noticiou recentemente que um estudo interno da Jaguar Land Rover apurou que a fabricante britânica, que produz grande parte dos seus veículos no país, poderá perder cerca de 1,7 mil milhões com as novas taxas de importação do Reino Unido.

Existem poucas dúvidas de que mais cedo ou mais tarde mais marcas vão adoptar esta medida. Resta saber quem será o próximo grupo ou empresa a fazê-lo.